quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

115. MEMÓRIAS DO ALTO MAR

FELIZ NATAL




1. Dia 22 de Dezembro


Esperávamos um dia de pesca entusiasmante. Dizia-se, que umas choupas e uns sargos graúdos, iriam proporcionar-nos a felicidade.  Previa-se, um mar mansinho sem vento, segundo o nosso confidente Windguru. Aceitava-se, que o almoço teria a assinatura do Óscar,     uma massa de vitela. 



Sentia-se, que os quatro românticos da pesca, fariam deste dia uma espécie de preparação Natalícia. Mais ou menos, os verbos acertaram: de sargos e choupa fenomenais nada...de mar à feição,  confirmou-se...de massa avitelada, também escapou...de preparação natalícia,  faltou um besugo. Já explico.


2. Faltou um besugo


Às 16h00 foi combinada a recolha de canas e por consequência o encerramento da sessão de pesca. Dividiu-se cristãmente o pescado, acção efectuada em 5 minutos, dada a exiguidade da colecta. Os dois da retaguarda mais o ponta direita (Cheta,Forte e Borges) desmontaram as suas armas com rapidez, cumprindo o protocolo. Mas o Óscar actuou à  revelia e disse:


- Vou pescar uns besugos!

E ria-se...e ria-se…

Risota, claro. Adivinhava-se que iria acontecer "tanga"! Mas não. O Óscar tirou mesmo 2 besugos ao primeiro lançamento e disse:

- Vou tirar mais dois para levarmos cada um o seu. Agora é que os besugos pegam. Eles chegaram.

Tirou os três…

Saíu mais um, para espanto dos descrentes. O homem ria-se. Então o hesitante Forte pegou na cana e no carreto e com imensa convicção disse:


- Vou montar de novo a cana para tirar também uns besugos.

Acabou por desistir…

Entretanto, o Óscar pesca duas choupas e um carapau. O Forte pára a montagem imediatamente. Interessavam-lhe apenas os besugos. Mais uma insistência do Óscar aos besugos mas apenas saíram dois carapaus. Foi quando o Forte desistiu da montagem e o Óscar da insistência.

Dava palpites…

Da "tanga" o Forte não se livrou e de falta de êxito (quanto aos quatro : um para cada) também o Óscar ouviu palavras de injustiça equitativa.
Arrancámos rumo a Leça para cumprirmos um Feliz Natal.


Leça,  22 de Dezembro de 2018
Luís M. Borges

114. MEMÓRIAS DO ALTO MAR

PASSEIO ALEGRE


1.Feriado 


O feriado aconteceu numa sexta-feira, o que permitiu uma antecipação da sessão de pesca, que habitualmente decorre aos sábados. Obviamente, que também foram tidas em conta as condições favoráveis do estado do mar, pois no sábado não iria acontecer assim, dada a previsão de ventos fortes. Apresentaram-se à chamada quatro de cinco. A baixa do Forte é sempre lamentada por nós e sobretudo por ele, que se entusiasma a pescar. Aquele seu nervo do braço está a portar-se mal. Às 6 horas já circulavam carradas de pescadores pelo passadiço do Marina a fim de aproveitarem a benesse de dia feriado e do bom estado do mar. Havia frenesim no embarcar, o que se compreende.

2. Primeira poitada


Primeiro uns carapaus. Estes seres não nos largam! Foram eles os inauguradores da refrega piscatória. Depois umas bogas, essas inúteis e desprezadas meninas do mar, que se apegaram a nós neste dia. Levavam logo uma surra, no acto de desferrar. Mais tarde umas fanecas amarelinhas, toleradas pela malta, em quantidade suficiente para uma refeição lá em casa. O Cheta sorria… Finalmente, umas belas choupas e uns sargos gordos. Poucos, mas entusiasmantes. Assim se foi fazendo a manhã.



3. Largar cabo


 O Malheiro não gosta de inactividade pesqueira. Prefere sempre o muito ao moderado, a mudança à espera. Acha que o “milagre das rosas” acontece largando mais cabo, pensando que os peixinhos lá em baixo têm morada certa e ignorando que é importante “fazer pesqueiro” através da engodagem, o que pode demorar. Num aspecto ele tem razão: podem realmente os peixes não proliferaram por ali. O Cheta acaba sempre por concluir certeiramente: - Se largamos cabo para sítio melhor e por conseguinte sai peixe, “olarilolé”, que foi boa ideia. Se largamos cabo para pior, “chiça caneco”, que foi má decisão. Nas várias propostas do Malheiro de “vou largar cabo”, só uma delas foi efectivamente certeiro: o que deu origem à pesca dos sargos e umas choupas quileiras. OLARILOLÉ.



4. Talharim 


O Cheta não apreciou o talharim. Com produção Óscar, o talharim viu o seu estatuto de massa de élite enxovalhado. O raio do talharim teimava em cair do prato. Teimava a não se aguentar no garfo. Houve que dissesse que esta moda do talharim devia ter origem chinesa. 


Já o bife grelhado foi muito bem aceite. Eu sugeri que da próxima vez se iria comer sushi de cavala por causa da rejeição do talharim. Os golfinhos, que nadavam por ali certamente ouviram a proposta, pois rodearam-nos de imediato, logo seguidos pelas gaivotas em bando. No final, o VAT69, o paradigma dos deprimidos, fez ultrapassar o imbróglio do talharim e o espectáculo dos cetáceos.

5. Rotina 
 
Pelas 17h00 demos início ao regresso. Às 19h00 entrei em casa, iniciando a rotina do fim de festa: guardar material, separar peixe (para oferecer, congelar e comer); tomar banho; saborear uma sopa e deitar na caminha.


Leça, 05 de Outubro de 2018
Luís M. Borges

113. MEMÓRIAS DO MAR

VIVER NOS BRAÇOS DA ILHA

1.Ria mais que formosa


O mapa é elucidativo  acerca da grandeza da Ria Formosa. A própria designação caracteriza-a muito bem, dado ser um dos mais belos lugares de Portugal, na sua especificidade. Vivi 15 dias por aqui.

2. O desenho do Farol


A Ilha do Farol insere-se neste espaço maravilhoso, justamente o mais a sul de Portugal continental.
É  servida por carreiras fluviais que a ligam a Faro e a Olhão.A sua mancha edificada é mínima, sendo habitada permanentemente por meia dúzia de pessoas e tendo o seu pico de ocupação no período estival.
Os paradigmas desta Ilha são o imponente farol de Sta Maria, a bela praia de areia branca e o concorrido molhe.





De 15 a 30 de Setembro pesquei, nadei, comi, dormi e convivi com o meu amigo Adérito. Foram 15 dias de muito sol, água salgada, ar puro e muitos peixes.

3.Mestre Sabino


Há muitos anos que conheço Mestre Sabino. É um velho senhor da Ilha, respeitado no mundo da pesca. Um pescador carismático.
Já quanto a carisma, outros profissionais da pesca artesanal designados como “Os filhos da Culatra”, não se importam muito com dignidade profissional. Até colocam redes no meio do canal e a partir das rochas do molhe, com as autoridades feitas e de olhos fechados.
Outros pescadores são os de tipo lúdico. É nestes que me insiro, praticando a pesca no molhe com o meu amigo Adérito.

4. O admirável mundo novo


Dizem que o encanto e o sossego da Ilha está a acabar. Porquê?
São aos milhares, invadindo tudo. Atulham os barcos da carreira, fazem bichas nas bilheteiras, enchem os restaurantes locais, inundam a praia, passeiam no molhe, insinuam-se mostrando superioridade, ostentam uma simpatia falsa e dinheiro. É demasiado: estas bactérias voam, nadam e têm pezinhos…
Também acho que a nossa querida Ilha do Farol irá perder todas as suas virtudes com esta avalanche turística, com esta marabunta.

5. Adérito, o pescador atleta


A casa, que o Adérito aluga anualmente na Ilha do Farol, encontra-se implantada no local certo. Tem todas as benfeitorias à volta: A Associação, o Restaurante “À-do-João”, a praia e o molhe a dois passos, bem como a doca. 
Tem igualmente óptimas condições de alojamento, com serventias adequadas ao fim para que é alugada.
É em Setembro, que o Adérito divide o mês: os primeiros 15 dias para a família e amigos íntimos; os últimos 15 dias para a pesca comigo. Esta gentileza anual do Adérito comove-me, bem identificativa da força da amizade.
E corre e pesca que se farta…dou um exemplo:
- Borges, vou correr um bocado.
Passadas que foram duas horas apresenta-se com meia dúzia de sargos (um deles com mais de 1 kg). 


O que será que faz correr tanto e pescar tão bem o Adérito? Penso que sei, mas não digo!

6. Ilha Geometria 

Quadrado 


Nada de especial aconteceu no Decathlon ao ter adquirido uma mochila com assento. Que poderia aliás ter acontecido? Andava há bastante tempo a matutar no meu conforto com 4 imagens a martelarem-me insistentemente: - Sentadinho no molhe - Cana em riste - Sorriso aberto - Relaxamento total. 


Mas, o meu conforto não se limitava a esta cena quadrada do banco. Havia mais geometria, se havia… 

Duas linhas paralelas 


Eu e o Dr Adérito corremos com as canas paralelas. Nem podia ser de outro modo, pois o molhe assim nos proporciona esse efeito. O molhe é um longo paredão com duas rectas e um cotovelo sensivelmente ao meio. Ambos pescamos para os mesmos lados juntos (mar ou ria), sejam sargos, cavalas, bem como outras espécies. 


Em ocasiões bem definidas impostas por marés, horas e ventos, o Adérito vai sózinho tentar pescar robalos, bailas e anchovas, enquanto eu tento a pesca fácil com bóia às “viúvas”, às taínhas e até às “picas”. Quando assim acontece, a geometria torna-linear.


Triângulos 


Há momentos em que se arranjam triângulos: triângulos de peixes. Fotos, triângulos de conchas, triângulos de coisas vulgares, triângulos de pessoas… Eu e o Adérito somos muito triangulares, para além de paralelos ou lineares. Insistimos na triangulação quando vamos à Associação ver futebol com um amigo e afogamos os desaires futebolísticos com 3 cálices de Amêndoa Amarga.

Círculos 




Aparecem constantemente quando comemos. Comecemos pelos pratos recheados de bela comida de uma variedade intrigante. Fotos. Reparem bem nas imagens. O círculo que mais me encanta chama-se o “Círculo robalo”, seguido do “Círculo sargo” ou do “Círculo anchova”, até do “Círculo biqueirão”, camarão, etc. Depois, vêm os “Círculo do copo”, da chávena… Refira -se ainda os Círculos dos tachos, das panelas e das frigideiras, muito importantes… 

Retângulos 


A cama. A minha cama onde repouso das fadigas agradáveis da pesca. A mesa. A nossa mesa onde nos deliciamos com petiscos e onde organizamos e preparamos os materiais de pesca. Outras geometrias Isto de se ver o mundo através da geometria tem muito que se lhe diga. Euclides foi primeiro, vindo depois Descartes e muitos outros até ao presente. Matéria interessante. 

7. Olho de peixe


Os peixes ocuparam todos os nossos alvores e entardeceres, porque é nestas alturas que eles “comem tudo e não deixam nada”. Assim fosse na sociedade humana. Viriam bem presos nos anzóis…

E como pescávamos?


- Era ao fundo com chumbadas de 60/70 grs, canas e carretos fortes, fios multi e mono e iscos variados; Era à bóia pesada (25/30/40 grs) a 10/20/30 metros de profundidade- Era à bóia ligeira (5/10 grs); Era ao “spinning” com amostras e pingalins.

E que espécies? 




Era o incrível peixe-porco, essa notável espécie pré-histórica; Era o feioso charroco, com o seu grunhir caraterístico; Era a inocente tainha, presa sem dó nem piedade, nos momentos vagos; Era a impertinente e voraz dobrada (mais conhecida por “viúva”), a antecipar-se no ataque aos iscos; Era o desejado sargo, um príncipe do molhe, ansiosamente desejado pela maioria dos pescadores; Era a requintada dourada (a tal espécie de que gosta de comer à mesa), a fina flor da Ilha; Eram os amados robalos e bailas, para quem a disciplina horária, obrigava os pescadores a cumprir horários; Era a violenta anchova, detentora do troféu “melhor lutadora”, exclusiva de pescadores atentos e arrojados; Era a grandeza da corvina e terror das tainhas, só alcançável por pescadores de elite; E muitas mais espécies. Seria fastidioso enumerá-las.


8. Filetes de peixe

O arroz malandro de tomate e pimento encaixa muito bem com filetes de peixe-porco.




Ei-lo imponente e estranho ainda vivo; ei-lo vestido de tule; ei-lo nu e finalmente transformado em gostosos filetes. A pesca tem disto. Este peixe deu esta telenovela em 4 episódios, um exemplo cabal da realidade transformada.
Como será a novela das Chamuças?


Ainda não me referi ao vinho…alentejano…a condizer com o contexto. Este, bebido que seja mais um copito, também nos transforma.

9. Viagem no tempo


Pedi emprestada uma máquina do tempo. Viajei até ao Farol em 2019, a pensar nos braços da Ilha, aquela que me envolve.
Se lá fui por breves momentos é porque lá irei de novo no próximo ano. É a verdade antecipada.

Ilha do Farol, 17 a 31 de Outubro de 2018
Luís M. Borges


112. MEMÓRIAS DO ALTO MAR

ALJEZUR 

O OCHI foi pescar

1.Contexto

Em Aljezur pesca-se, para além de se comer bem e de se poder fazer praia. Certamente, que um robalo pescado cedinho, recebe honras de rei na mesa de qualquer plebeu. Mas, neste período do ano, não existem em Aljezur plebeus, só turistas e alugantes  de casas, pelo que se não comerem robalo, comerão carapau, ou sardinha ou até cavala. 
O Sónia quis ir de férias para esta bonita terra e foi acompanhado pelo genro e sogra. O Ochi também foi. Acontece, que o genro sou eu, o tal pescador e a sogra a Licas. A minha Sónia aprecia a beleza das praias. A Licas bronzeia-se. Já o Charpei dedica-se essencialmente a uns prolongados repousos, a exigências de basta comida à horinha certa e a três  percursos de passeata a marcar território. 

2. Seres humanos?

Durante as minhas andanças por Aljezur reparei que havia dois tipos de cães a passearem-se: os que passeavam de coleira e trela e os que passeavam de coleira mas sem trela, ou seja em liberdade obedecida. Igual aos dois tipos de seres humanos existentes neste planeta. 
Noutra andança, verifiquei que os aljezurenses queixavam-se dos preços altos das “coisas”, mas a maior parte deles alugava as suas casas e quartos a preços exorbitantes. É a pobreza meu amigo, a pobreza...
Na andança da vertigem de se fazer praia, constatei a verdade. Aqueles esqueletos, os supra adiposos, os mal construídos, as bonitas e os jeitosos, os velhos e os novos, mostravam-se todos tal e qual, apresentando-se com uma naturalidade estranha. 
Em casa deles fecham as janelas, as cortinas e as persianas. Dizem-se recatados…
Naquelas andanças pelos restaurantes, consegui descobrir o ardil: Comida biológica apresentada segundo uma genuína tradição local. Que furor! 
Eu não serei um gajo biológico e não terei a minha maneira de ser? Qual é a novidade?
Nas andanças ditas culturais, ouvi pessoas a dizerem que em Portugal já visitaram mais de 150 igrejas e mais de 30 castelos. Chixa, é demais, hem? 

3. Relatos

E visitaram quantas vezes bibliotecas, museus e algumas “ilhas” da cidade onde moram? E visitaram a ponte centenária do rio poluído da aldeia deles?
Na minha andança favorita, a da pesca, só constatei segredos e êxitos desmesurados. Segredos dos locais secretos e das técnicas de pesca e gabanços de grandes capturas. 
Aquelas canas grossas e muitos peixinhos do tamanho de maços de cigarro, dizem tudo. É outra vez a miséria meu Caro?
Mas, as coisas que mais me encantaram foram: 
- A nomenclatura: Malavada, Maria Vinagre, Vale de Alhos, Cerca dos Pomares, Vale da Nora das Árvores, Barranco da Vaca, Espinhaço de Cão, Pincho, etc. Fora de série.
- A beleza: primeiro Odeceixe e a sua harmonia de casinhas brancas – um presépio. Depois as praias – paraísos terrenos (Carrapatelo, Arrifana...). Por último o ar e a luz – a pureza no seu máximo esplendor. Até acho que a maior parte dos portugueses não merecem ter estes milagres, pela insensibilidade que demonstram.

4. As gentes

Na ida, parámos num café, já próximos de Aljezur na estrada 120. Esfomeados. Que havia para comer? 
- Só sandes de presunto, queijo ou chourição - respondeu-me a jovem mulher com uma criança ao colo detrás do balcão a sorrir. Teve que ser e não foi pela fome, foi pela naturalidade. Brindei com uma ginginha maravilhosa (da Serra da Extrela).
Quando vimos a casinha aceitámos com resignação, sobretudo o íngreme calçadão e ficámos desiludidos com uma vizinha octagenária, que começou a vociferar connosco ( mas, compreendemos, demência…)
Fomos então dar uma volta depois de termos arrumado os trecos. Descemos com cuidado a inclinada ruela e chegados à zona do Mercado Municipal recebemos com amor e carinho a saudação duma alemã já entradota, que chamou Porco ao nosso cão Ochi. Deu para entender que a doidice também morava aqui.
Entabulei com a dona do café uma conversa informativa acerca de produtos locais e onde os poderia comprar (mais à frente esmiuçarei este tema), tendo ficado agradavelmente surpreendido com a abertura e simpatia da senhora. 
Já tive indicações sobre pesca. O informador pescou só 2 sargos. Disse que ao amanhecer é melhor. Obrigado. Essa, eu sei..

5. Às compras

De lista com o tablete. Sou moderno, hem!
Nos primeiros itens da lista constava o peixe, seguido de fruta, legumes e pão. Fomos ao Mercado Municipal. Gostei. Pequeno, agradavelmente organizado e dotado de produtos locais de alta qualidade. O peixe entusiasmou-me. Desde peixes enormes como os meros, corvinas, pargos, passando pelas moreias, sargos, douradas, robalos, cantarilhos, salmonetes, sardinhas, cavalas, carapaus, até aos mariscos tais como os percebes, amêijoas, mexilhões, lapas, navalheiras e longueirões a maravilhosa sensação das espécies  frescas e selvagens agarrava-nos. Não resisti a comprar um robalo e uma dourada com um quilo cada. 
Depois fui aos legumes e à fruta. Batata doce, coentros, salsa, manjericão, alface, orégãos, ameixas pretas, melancia e melão, figos, foram os produtos da terra escolhidos. Felizes, ao lado comprámos pão de Rogil. 
Por último, visitámos o Intermarché a fim de adquirismos carne, massa, arroz, fiambre, queijo, vinho, enfim…aquelas coisas corriqueiras. Muito grande esta superfície e alinhada de turistas. Só não havia palha...

6. As praias

Lindas, únicas, inesquecíveis. Vento forte quanto baste, água fria sem solução, restaurantezinhos agradáveis e com boa comida, difíceis os acessos e impossível o estacionamento. Gostei destes desafios.
A praia que me apaixonou foi a de Zabial. 

7. O pão 

O pão,  a batata doce, os tremoços,  as azeitonas, etc, compradas no mercadinho tradicional...


...de Agosto de 2018
Luís M. Borges

terça-feira, 11 de setembro de 2018

111. MEMÓRIAS DO ALTO MAR



“APESAR DOS APESARES”…*


Apesar dos apesares


Neste sábado, pesquei em várias realidades, porque não fomos à pesca. Com um mar de aquário e condições meteorológicas difíceis de igualar, NÃO FOMOS À PESCA.

Mesmo assim decidi ir pescar, mas em várias realidades.




1.Realidade inventada




Com que prazer observar fotografias de enormes peixes, nos mais variados mares: peixes-vela, atuns…

Não me interessou, se foi verdade que eu os pesquei, preferindo a fábula de os ter pescado. O meu interesse era inventar - que pesquei enormes peixes - e sentir aquela paixão…


E continuei…



2. Realidade aumentada



Aumentei o tamanho dos peixes, ampliei os pormenores, a força destes monstros, como fez Hemingway no seu célebre livro “O homem e o mar”. Pequenos detalhes passaram a ser grandes pormenores.

Senti-me bem, senti-me mais pescador, senti mais o mar.

Depois…



3. Realidade mediática



Necessitei de imaginar as notícias nos jornais, as reportagens nas TVs, as entrevistas, a fama…por ter conseguido pescar tão grandes peixes.


E ainda…



4. Realidade virtual



Utilizando a tecnologia, peguei nos meus óculos de realidade virtual, criei um mundo da pesca visual imaginário, com as minhas próprias leis e normas. Que óptimo! Passei horas a deleitar-me.

Porém…


5. Realidade física e objectiva


A única realidade, que não ignorei…


Acordei para o mundo autêntico, aquele que os nossos sentidos verdadeiramente apreendem, sem qualquer tipo de artifício.

Menorizei esta realidade. Não lhe liguei. Sabem porquê? Porque não fui realmente pescar neste dia excepcional.


E vinguei-me...


*Esta calinada foi proferida por Sofia Ribeiro. Achei interessante.


Senhora da Hora, 08 de Agosto de 2018

Luís M. Borges